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Entre mesquitas, lenços e iguarias, Sheilla se ambienta à cultura turca

Antes de se mudar para Istambul, bicampeã olímpica se delicia com comidas típicas e se prepara para ser estrela do VakifBank


Os olhos de Sheilla brilharam em meio ao turbilhão de cores do Grand Bazaar. Lenços mil, luminárias de traços finos e pratos de porcelana cuidadosamente esculpidos. A bicampeã olímpica se encantou com o famoso mercado de Istambul. A novela “Salve Jorge”, que ela tanto acompanhou, parecia se materializar à sua frente. Até a loja do Mustafá a brasileira conheceu - e pechinchou, como pede a tradição local. Mesquitas imponentes também fizeram parte do único dia de passeio, mas em breve a cidade da Turquia será a casa da jogadora de vôlei, que será uma das estrelas do VakifBank na temporada 2014/15. Por ora, Sheilla tenta se ambientar à cultura local como pode e pede dicas a Fabiana e a Zé Roberto, que já moraram lá. Istambul não será uma completa desconhecida.
- Eu conheço mais Istambul pela novela que por passear lá (risos). Eu fiquei dois dias lá e fui muito bem recebida. O primeiro dia foi de apresentação no time, para preparar material para imprensa e também para conhecer o apartamento onde vou morar. Eu passeei no segundo dia. O time conseguiu uma guia que falava português para me mostrar a cidade. Fomos ao Grand Bazaar, e ela me mostrou a loja que inspirou a da personagem do Mustafá. Não posso dizer que conheço bem, mas os lugares que fui me surpreenderam. Bem legais - disse Sheilla.
Antes de se apresentar à seleção brasileira na segunda-feira para os preparativos para o Mundial da Itália, a oposta aceitou o convite do SporTV para se deliciar com as iguarias da culinária turca em um restaurante de São Paulo (assista o vídeo). Em sua curta passagem por Istambul, Sheilla virou fã dos sabores locais e até brincou ao dizer que o difícil vai ser ficar em forma. Dos diversos tipos de Kebabs à venda nas ruas aos doces folheados e regados ao mel.
- Gostei muito da comida, com isso não terei problema. O que sei cozinhar é comida italiana, que amo. Comida brasileira eu não sei nada (risos). Gostei muito do döner Kebab. Só não gostei muito do yogurt que eles bebem (o ayran). Acho que não combina com tudo. Eu trouxe docinhos para todo mundo da minha família. Adorei o Lokum (doce colorido de amido e açúcar) e o Baklava (doce folheado). Eles usam muito pistache e amêndoas - disse a jogadora.
Sheilla experimenta kebab e aprova
comida turca (Foto: Marcos Guerra)
Sheilla mostrou que seu conhecimento sobre a cultura local vai além da mesa. Durante a apresentação ao VakifBank, ela até arriscou umas frases em turco, mas por enquanto só fala merhaba (oi) e güle güle (tchau). A língua não deve ser um problema, já que o inglês é o idioma usado pelo time nos treinos. Aos poucos, a oposta vai se familiarizando também com os costumes locais.
- Meu time tem jogadoras de todas as nacionalidades. Todos estão acostumados com o jeito ocidental. Até perguntei para a manager do time se ela era mulçumana. Ela morreu de rir: “lógico que sou”. Mas elas se vestem como nós. Coloquei um shortinho e ninguém me olhou diferente. Fui à cidade velha. Havia duas mesquitas, uma deles construída em 1200. São muito imponentes. É impressionante como está em pé até hoje, porque tem terremoto lá. Quando ela me falou que era comum eu até me assustei, mas ela disse que era uma vez por século (risos). Brasileiro se assusta com terremoto, mas é normal.
Esta será a segunda experiência de Sheilla fora do Brasil. Há dez anos, a jovem mineira deixava a casa da avó dona Terezinha para se aventurar no vôlei italiano. Desta vez, a oposta de 30 anos chegará madura ao vôlei turco, com dois ouros olímpicos no currículo e a responsabilidade de ser uma das estrelas da equipe.
- Quando fui para Itália era um momento diferente. Estava começando minha carreira. Foi meu primeiro contrato fora. Nunca tinha saído da casa da minha avó, em Belo Horizonte, e mudei sozinha para outro país. Tive de começar a cozinhar, lavar roupa. Eu estava indo aprender fora do Brasil. Hoje também vou aprender, mas tenho uma bagagem maior e uma responsabilidade maior - disse Sheilla, que vai esperar em Istambul pelo marido Brenno Blassioli, técnico das categorias de base do basquete do Pinheiros - ele só vai em janeiro. Tem de cumprir o compromisso com o Pinheiros.
Sheilla conheceu o Grand Bazaar, famoso mercado de Istambul (Foto: Divulgação)

O casal não ficará tanto tempo distante. Sheilla ainda defenderá a seleção brasileira no Grand Prix e no Mundial da Itália e só se mudará para Istambul na segunda metade de outubro. A transferência para o vôlei turco, aliás, faz parte dos planos da oposta para se preparar melhor para as Olimpíadas do Rio de Janeiro, em 2016.
- As melhores jogadoras do mundo estão lá. As equipes investem muito, não só o VakifBank. Isso é muito legal. A duas temporadas das Olimpíadas, jogar em um campeonato muito disputado, jogar a Liga dos Campeões, profissionalmente vai ser muito bom. Acho que o nível técnico é melhor do que o da Superliga, que melhorou muito nos últimos anos, mas acho que a tendência é cair um pouco por causa do ranking, dessa restrição de duas jogadoras de sete pontos por time. Os times de ponta da Rússia e da Turquia estão bem à frente dos times de ponta do Brasil. Você recebe uma proposta melhor financeiramente lá fora, com a possibilidade de disputar a Liga dos Campeões: é muito enriquecedor - disse Sheilla.
Sheilla se apresentou ao VakifBank, mas só jogará
a partir de outubro (Foto: Site Oficial)
A oposta ainda não teve contato com a torcida do VakifBank, mas já começou a sentir a paixão dos turcos pelo vôlei. Nas redes sociais, muitos torcedores deram boas-vindas antes mesmo de ela assinar o contrato. Fãs do rival Fenerbahçe pediam para que Sheilla seguisse o caminho de Fernanda Garay, Fabiana, Fofão, Mari, do técnico Zé Roberto e de jogadores de futebol como Alex, ídolo do clube turco. Só que ela optou por ser comanda pelo técnico italiano Giovanni Guidedetti, que a considera a melhor oposta do mundo.
- O meu técnico eu já conhecia de jogar contra na Itália e na seleção alemã. É um super técnico. Foi mais um ponto que olhei. Logo que assinei o contrato, mandei mensagem de celular: “Estou feliz de jogar aí. Obrigada por confiar em mim”. Ele disse que feliz era ele e me elogiou. Fiquei lisonjeada. É muito bom ser recebida assim. Sabia que o Giovanni tinha respeito por mim, mas depois do que ele falou cresceu minha admiração.
O desafio de ser a estrela do VakifBank a aguarda. Durante os meses a serviço da seleção, Sheilla terá muito tempo para conversar com Fernanda Garay, Fabiana e Zé Roberto para aprender a viver em Istambul. Por enquanto, ela apenas ensaia o adeus: “Güle güle, Brasil!” 
Sheilla conheceu pouco Istambul, mas se encantou pela cidade (Foto: Divulgação)


(TEXTO/REPRODUÇÃO: GLOBO ESPORTE)

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